Manguezais

Leonardo Pinheiro
29 de jul. de 2018
2 min de leitura

O Brasil é o país com o maior volume de água doce superficial do mundo e isso se deve à presença de muitos rios, distribuídos em grandes bacias hidrográficas. Devido à formação geológica, a maior parte dos rios apresentam regime exorréico de vazão, ou seja, tem o oceano como destino final de deságue.

O encontro da água doce continental com o oceano, chama-se estuário. Tal formação proporciona uma riqueza grande de nutrientes e refúgios naturais, excelente para a alimentação, reprodução e desenvolvimento de juvenis de muitas espécies!

A salinidade é um fator crucial dessa “queda de braço” entre o mar e os rios. Responsável por “salgar” os estuários, as marés se alternam diariamente e em épocas específicas, como El niño e La niña (mas isso falamos em outra oportunidade!). A alteração da salinidade faz dos estuários um ambiente estressante à fauna e flora que não forem especializadas para lidar com essa mudança...

Associados aos estuários, estão presentes um tipo de vegetação que formam um grande complexo: são os manguezais e marismas!

Foto: Distribuição dos manguezais no mundo

Mangue é a denominação comum para três espécies vegetais, o Mangue-vermelho (Rhizophora mangle), Mangue-branco (Laguncularia racemosa) e Mangue-preto (Avicennia shaueriana), que se distribuem de acordo com a afinidade pela salinidade. Quando falamos em manguezal, nos referimos ao complexo formado por estas espécies e as demais características.

Os manguezais estão presentes na costa brasileira entre os estados de Santa Catarina e Amapá, onde as condições são perfeitas para sua existência: amplitude de maré, temperatura da água e sedimento lanoso, enquanto que ao sul de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estão presentes os marismas.

Foto: à esquerda as raízes escora de R. mangle e, à direita pneumatóforos

(para absorver o oxigênio atmosférico).

Os manguezais desempenham um papel importantíssimo para a estabilidade da costa, visto que as raízes atuam como agentes anti-erosão. Além disso, são excelentes exportadores de matéria orgânica, a qual servirá como alimento para larvas de inúmeras espécies. Socialmente, os manguezais são fonte de alimento e renda de inúmeras famílias ribeirinhas, sendo o extrativismo de sururu (Mytella charruana) e do Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) os principais recursos.

Por reunir todos estes fatores, os manguezais são considerados áreas de proteção permanente (APP), porém na prática observa-se a pressão humana interferindo neste ecossistema através da poluição, além do desmatamento e aterramento para construção de portos e para instalação de estabelecimentos de aquacultura.